Como controlar o Bruxismo?
- Ana Paula Braun
- 23 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de jul. de 2022
Certamente todos já ouviram falar sobre o bruxismo e devem ter uma ideia do que ele significa. Na parte dos tratamentos aqui do site eu escrevo muito sobre o que é o bruxismo e a sua classificação.

Mas existe muito mais por trás desta patologia tão importante e que todos precisam saber: a avaliação e o diagnóstico do bruxismo não são simples e eu poderia dizer que ela se apresenta como um desafio na prática clínica diária.
Tenho estudado muito para poder atender cada vez melhor os meus pacientes e trazer clareza no entendimento destes desafios.
Mas para saber se a pessoa tem bruxismo não seria só avaliar a presença de dentes desgastados? Não. Definitivamente não. Sabe-se que não há um fator isolado que indique esta condição. A combinação de fatores como o relato do paciente, sinais e sintomas clínicos além de achados em exames auxiliam e completam diagnóstico.
Só fazemos bruxismo durante a noite, dormindo? Não. Definitivamente não. Na descrição dos tratamentos do site eu explico bem que o bruxismo pode ser classificado como Bruxismo em Vigília (enquanto estamos acordados) e Bruxismo do Sono e a diferença entre eles é justamente o momento que eles acontecem.
Precisamos diagnosticar o bruxismo, classificar e, a partir daí, podemos indicar o melhor tratamento. Não é tão simples e não é só colocar uma placa oclusal (que era chamada de miorrelaxante. Nem isso ela é). Segue a leitura para entender melhor.
E como faço o diagnóstico do Bruxismo em Vigília (BV) e Bruxismo do Sono (BS)? Está preconizado a utilização de uma combinação de fatores: relato do paciente, sinais e sintomas clínicos e pode-se ainda complementar com exames. A partir daí posso classificar o Bruxismo em possível, provável e definitivo¹. Complexo hein? Mas vou descomplicar.
Bruxismo do Sono
O BS é mais difícil de diagnosticar porque hoje se sabe que nem toda a movimentação mandibular é acompanhada por barulho e se o paciente dorme sozinho reduz ainda mais a confiabilidade deste dado.
Então os critérios que avaliados e que identificam o BS:
# desgaste dentário (deve estar presente)
# dor ou fadiga na face passageira e pela manhã, e ou cefaleia temporal ou travamento mandibular também pela manhã.
# relato de pelo menos 4 dias na semana de BS, pois o desgaste dentário não é sinal de atividade, uma vez que o bruxismo pode ter acontecido anos antes do dia da consulta.
Então, existem questionários específicos que aplico para conseguir identificar cada situação e concluir o diagnóstico.
O tratamento geralmente é realizado como medida de gerenciamento dos efeitos deletérios e muitas vezes faço o uso de mais de uma terapia. Certamente sugiro mudanças comportamentais e os dispositivos interoclusais (placas oclusais) podem ser indicados para o controle das consequências clínicas do BS.
Bruxismo em Vigília
No BV também avalio três níveis: # Autorrelato: quando o paciente consegue perceber que aperta os dentes ou tensiona os músculos mastigatórios. # Avaliação de sintomas e sinais clínicos do BV, que são: língua edentada, hiperqueratose jugal (linha alba) e o paciente ainda apresentar queixas de dor e cansaço em músculos da mastigação durante o dia. # E para enquadrar o BV em um diagnóstico definitivo o paciente ainda deve ter respostas positivas de registro pela sua própria percepção por meio de aplicativos de celular (que uso bastante para o autoconhecimento e controle da patologia). Serão sugeridas mudanças comportamentais e consciência corporal além de terapias complementares para o controle do BV. Ufa… juro que tentei fazer um texto simples e explicativo. Se você ficou com alguma dúvida vale agendar uma consulta para que eu possa conversar, examinar e explicar melhor pessoalmente tudo.
Tenho certeza de que conseguirei te deixar por dentro do assunto e realizar o melhor tratamento para o teu caso.

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¹ Lobbezoo F, Ahlberg J, Raphael KG, Wetselaar P, Glaros AG, Kato T, et al. International consesus on the assesment of bruxism: report of a work in progress. J Oral Rehabil. 2018; 45 (11):837-44.